domingo, 25 de maio de 2008

Entrevista a Saúl Campanário

Saúl Campanário é um jovem navegador de apenas 21 anos mas já com alguma experiência nos ralis. Em 4 anos de competição o navegador de Leiria passou pelo Troféu Punto, Fórmula 206, Campeonato Júnior de Ralis (onde foi campeão), Troféu Fastbravo ou Challenge C2. O RallyMania esteve à conversa com este jovem que, para além dos ralis, estuda Engenharia Mecânica na ESTG.

Se pudesses destacar um ano de competição no teu currículo, qual seria? Porquê?
Ainda é cedo para destacar anos mas até hoje seria 2007. Pelo título e por sermos a equipa principal da LPM, tínhamos as atenções da equipa todas viradas para nós, enquanto em 2006 o carro principal era do Paulo (Louro). Ainda assim, 2006 foi um ano competitivo e muito bem trabalhado.

Que comparação fazes entre os Troféus Punto, 206, C2 e seus carros?
Quanto a competitividade, promoção e organização, o Troféu 206 foi de longe o melhor troféu em que já participei. O Troféu Punto foi um troféu em que os problemas que afectaram (quase todos) os carros condicionaram o seu sucesso, para mim foi apenas mais um troféu mono marca. Agora o Troféu C2, acho que está super-competitivo, tem pilotos muito bons e um carro à altura. O Punto tem um chassis muito equilibrado, o que o torna um carro competitivo em pisos de terra, pois em asfalto falta-lhe potência. O 206 Gti é um carro fantástico, com o qual já tenho muitos e muitos Km's. É um carro que quando bem trabalhado pode fazer frente a muitos carros com atributos superiores. Tem um chassis muito bom e um motor igualmente espectacular, e o melhor é que consegue conciliar isso tudo com uma fiabilidade impressionante, é um carro que jamais vou esquecer (sorriso).
Quanto ao C2, ainda só tive oportunidade de fazer uma prova neste carro (Rali de Portugal) mas tenho de admitir que fiquei impressionado. O carro pode não ter um chassis á altura do Peugeot 206, mas tem umas suspensões que lhe permitem ir mais além que o 206 em muitas situações, principalmente quando se trata de pisos de terra. O C2 tem uma caixa que permite tirar um prazer enorme do carro. Pena a referida caixa não possuir um rapport melhor, ou uma sexta velocidade. A escolha para o melhor dos três é difícil para mim.... Só um piloto pode responder com mais certeza a essa questão mas ponho o C2 e o 206 no topo da tabela, como seria de esperar…!

Depois de 2 provas no Troféu Fastbravo, o que pensas deste troféu?
Está a ser bom, muito bom. Ainda é cedo para falar sobre este troféu mas este ano no meu ponto de vista será um troféu bastante competitivo, pois tem vários pilotos com potencialidades para lutar pela vitória, mesmo sabendo que alguns têm uma experiência muito superior a outros. Tudo isto sempre com o objectivo do "baixo-custo", para mim ralis a baixo custo é coisa que não existe, mas pelo menos com este troféu consegue-se fazer ralis a um nível competitivo a "mais-baixo-custo" visto que os gastos principais prendem-se com os transportes, comidas e dormidas da equipa.

Tem se falado do excessivo preço da preparação do carro. Não achas que é um investimento demasiado alto num carro que não pode lutar por nada a não ser somente o troféu?
Não, pois tudo o que o carro tem é o que é indispensável para que se possa chamar um carro de rali, um carro seguro e que respeita o regulamento. Todo esse equipamento tem um custo elevado quando comparado com o preço original do carro mas é obvio que este carro apenas pode lutar pelo troféu no qual está inserido. Mas também temos que ver que tem uma manutenção mínima e os seus componentes são muito baratos, mesmo os pneus.

Actualmente acompanhas o Fábio Ribeiro no troféu promovido pela Fastbravo. Será que para “quem não tem pais ricos, nem ganhou o Euromilhões”, esta é a solução para começar uma carreira?
Sem duvida.... E infelizmente talvez seja a única solução. E se for tudo bem organizado de modo a conseguir uns bons apoios é possível correr praticamente a custo 0. O que é espectacular para qualquer jovem piloto.

Nunca pensaste em passar a piloto?
Já, mas só pensar. Pois para além de não ter pais ricos nem ter ganho o euromilhões, actualmente não tenho tempo para montar um projecto nesse âmbito, Estou a acabar o meu curso e é nisso que me estou a empenhar arduamente. O pouco tempo que me sobra é para os ralis, como navegador claro. Na escola todos os meus amigos me perguntam o mesmo: “Quando passas para piloto?”
Eu respondo: “Quando ganhar o euromilhões” - as pessoas que não estão dentro do desporto automóvel não imaginam o investimento que está por trás de cada equipa. Quando falo em números os meus colegas assustam-se.

Os ralis são um desporto perigoso, um co-piloto tem de confiar na técnica do seu piloto. Como é que um navegador lida com isso? Já sofreste algum acidente?
Hoje em dia os carros têm dispositivos de segurança muito eficazes e chassis que nos protegem devido ao "santo" roll-bar. Nos ralis é provável ter acidentes e saídas de estrada, mas ferimentos graves, e mesmo ligeiros, é raro. Acidentes, já tive alguns, mas nada de especial felizmente, e não tenho medo de os ter, desde que não seja cair por uma ravina a baixo (risos).
Acho que um navegador nunca pode pensar nisso, nunca.

Qual o melhor rali que já disputaste?
Em termos de organização foi o Rali de Portugal 2008 e em termos de competitividade foi o Rali Pinhais do Centro 2007. O rali que mais gosto, Rali Centro de Portugal, por ser na minha zona.
O RallyMania agradece a Saúl Campanário esta entrevista e todo o apoio prestado ao longo dos nossos 13 meses de existência. Visite o site deste co-piloto seguindo este link.
Fotos: Fábio Ribeiro, RallyMania, Nuno Pimenta e Luis Marques.

Sem comentários: