Tiziano Siviero que, juntamente com Rino Buschiazzo, um dos mais destacados mecânicos da Abarth, foi o primeiro a chegar a Portugal, encarregou-se de reconhecer e escolher as zonas dos troços de Arganil mais adequadas aos testes, em asfalto e em terra, que a sua equipa pretendia realizar. Graças e uma breve presença no programa “Especial de Corrida” que a Rádio Renascença produz em coleboração com o “Autosport”, o navegador italiano teve parte da sua tarde facilitada com as pormenorizadas indicações que lhe forneceu esse profundo conhecedor da zona que é Pedro Almeida, o director da Volta a Portugal.
A propósito refira-se que as duas versões de Arganil que o Vinho do Porto utilizará estavam incluidas no figurino da “Volta” do ano passado.
Enquanto Siviero procedia aos reconhecimentos chegou ao Aeroporto de Lisboa o grosso da equipa com Giorgio Pianta, Massimo Biasion, o engenheiro Vittorio Roberti do departamente de experiências da Abarth, alguns técnicos deste departamente e os homens da Pirelli. Estes eram liderados por Gianni Turchetti, técnico que no ano passado esteve ligado à Formula 1.
Pouco depois iniciou-se a viagem para o centro do país e que quando atigiram a bela Pousada de Santa Bárbara que serviu de base aos ensaios, os italianos encontraram já os dois Delta 4WD e os furgões (oficina e de transporte) da Lancia e da Pirelli que vieram de Itália por estrada.
Na manhã do dia seguinte (terça-feira da semana passada) iniciaram-se os ensaios no local previamente escolhido: sensivelmente a meio do troço do Piodão, numa zona que tem uma subida de asfalto com alguns ganchos e que antecede o regresso ao piso de terra. O primeiro dia era dedicado aos testes de asfalto e foi Pianta quem tomou o volante do Delta de Grupo A para proceder a uma primeira afinação das suspensões antes de o passar para as mãos de Biasion que depois se encarregaria dos ensaios propriamente ditos.
O carro utilizado para estes testes em Portugal era uma das unidades do departamento de experiências da Abarth, mais precisamente, o segundo a ser preparado para o agrupamento de Turismo (tal como indicava a sigla A2 que se via no seu párabrisas), e acabou por ser ele o responsável pela paragem forçada que toda a operação registou.
Na noite de quarta-feita passada, o material necessário à reparação do carro estava já em Portugal e, mais do que isso, no local dos ensaios. No entanto, se para muitos a chegada das peças em tão curto espaço de tempo poderá parecer um feito, para os homens da Lancia tal situação só podia traduzir a preocupação de um dia e meio perdidos, o que vem confirmar a importância do factor tempo na preparação de uma temporada no Mundial de Ralis, para mais num ano em que todas as marcas partem praticamente do zero.
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Procurando recuperar o tempo perdido, os homens da Lancia partiram cedo para o último dia de treinos, e por volta das sete e meia da manhã de quinta-feira passada já toda a caravana se encaminhava para o meio do troço do Piodão, pronta para cerca de 12 horas de trabalho intensivo.
Tal como previsto para uma primeira afinação do carro Giorgio Pianta foi o primeiro a realizar algumas passagens pelos 2,4 quilómetros do troço escolhido para os ensaios em terra. Com Siviero ainda a confirmar as notas de andamento recém-apontadas, o veterano ensaiador da Abarth conseguiu 2m23s e 2m25s, respectivamente na subida e descida do percurso. Logo a seguir, seria a vez do cronómetro do navegador registar 2m20s e 2m25s nos dois percursos e do Delta receber novos pneus de uma nova construção que melhoraram a forma dele se inserir nas curvas e permitiram a melhoria de, respectivamente, 4 e 2 segundos nas duas medições.
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A base de trabalho estava encontrada e foi altura de Pianta passar o volante para as mãos do piloto a quem cabia o papel principal nestes ensaios – Massimo Biasion.
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Para além das qualidades apontadas, a presença de Biasion tem a vantagem de aproximar a velocidade dos ensaios à que os carros têm em prova e isso foi logo confirmado no seu primeiro contacto com os 2,4 km do troço. Em apenas duas passagens, Biasion conseguiu tempos que foram 8 e 7 segundos melhores dos que os mais rápidos de Pianta, respectivamente, a subir e a descer o troço.
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Apesar de terem entrado com o pé esquerdo nestes testes portugueses e da avaria na transmissão do Delta os ter feito perder um dia e meio de trabalho amputando as experiências previstas para o asfalto, os homens da Lancia e da Pirelli não se pouparam a esforços para recuperar o tempo perdido – na quinta-feira trabalharam ininterruptamente ao longo de quase 12 horas – e regressaram a Itália com um precioso lote de indicações nos seus cadernos.
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Fonte : Jornal “Autosport” de 11 de Fevereiro de 1987
Autor do texto e fotos : Mário Guerreiro
Depois dos ensaios efectuados há cerca de quinze dias, a Lancia voltou a assentar arraiais em Arganil, ainda que agora os testes tivessem outra intenção e outra esquematização.
Assim desde o passado domingo estiveram em acção Massimo Biasion e Tiziano Siviero, que entre Monte Carlo e o fim do nosso rali passam quanse um mês entre nós, isto contando dias de testes e de treinos, que era os pilotos-ensaiadores de serviço, e a acompanhá-los deslocaram-se o eng. Claudio Lombardi, responsável técnico da Abarth, o eng. Vittorio Roberti, que já estivera na última sessão entre nós, e três mecânicos, enquanto da Pirelli se deslocou um responsável de nome Meira, que anteriormente se encarregava da parte de pista.
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Ontem, a equipa Lancia deslocou-se até ao troço da Lousã, para testar outro tipo de piso, com menos terra e mais do género de macadame. Hoje, quarta-feira, os técnicos italianos regressaram a Turim, enquanto Biasion e Siviero davam inicio ao reconhecimento de mais uma edição do “Vinho do Porto”, de que são um dos grandes favoritos. Afinal o dia 11 não está assim tão longe...
Fonte : Jornal "Autosport" de 25 de Fevereiro de 1987
Autor do texto e foto : Fernando Petronilho
Foi no inicio da tarde de sexta-feira que a caravana do Mazda Rally Team se reuniu no amplo cruzamento onde se inicio o troço de Arganil, apenas algumas centenas de metros após o asfalto do final do de Piódão.
Dois furgões-oficina, uma “motor-home” e quatro 323 4WD (dois muletos e os dois carros de prova) constituíam a dita caravana que a nível humano se mostrava muito internacional com alemães, finlandeses, suecos, belgas, franceses, um japonês, e até um português – José Veiga que, como se sabe é mecânico da equipa desde o inicio da temporada.
Como seria de esperar, era ele o único a não se mostrar surpreendido com a tarde quente que se fazia sentir. Com efeito, uma temperatura da ordem dos 24 graus nos primeiros dias de Março e a uma altitude próxima dos 800 metros foi motivo para elogiosos comentários quanto ao clima do nosso país, e alguns mecânicos não puderam deixar de se divertir com comparações entre o nosso calor e aquilo a que estão habituados: “Nós aqui a trabalhar em manga curta enquanto que lá em Bruxelas há gente a bater o dente com temperaturas negativas...”, comentou um deles.
Dos quatro Mazda 323 presentes em Arganil, um era diferente de todos os outros: tratava-se do carro de treinos de Ingvar Carlsson cuja carroçaria era ainda do modelo antigo, menos arredondada, e apresentava-se algo pior tratada do que as outras.
De repente, lembrámo-nos que já viramos aquele carro, ou pelo menos um 323 naquela configuração, que com os seus alargamentos de guarda-lamas e outros pormenores, é muito mais um protótipo do que um verdadeiro Grupo A.
Depois de José Veiga nos ter confidenciado que é o próprio Carlsson que prefere aquele muleto diferente por até à data, ele não lhe ter dado o mínimo de problema, Achim Warmbold confirmaria aquilo que suspeitávamos adiantando-nos que era na realidade o carro com que ele e a navegadora francesa “Biche” tinham alinhado no Rali Paris-Dakar 1985.
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Conhecidos eram também os outros três Mazda pois a equipa alinhará no Rali de Portugal com os carros que Salonen e Carlsson usaram nos ralis de Monte Carlo e da Suécia, sendo o muleto do finlandês o mesmo que ele utilizou para os treinos destes dois ralis.
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Enquanto que Seppo Harjanne passou toda a tarde dentro da “motor-home” visivelmente incomodado com as fortes dores que sentia nas costas – “Estes vossos troços dão cabo de mim”, disse-nos com o melhor sorriso que conseguiu arranjar -, Timo Salonen realizou algumas passagens pelos últimos quilómetros de terra do troço do Piódão (precisamente aqueles que foram em parte utilizados pela Lancia) e pelos primeiros do de Arganil.
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Fonte : Jornal "Autosport" de 25 de Fevereiro de 1987
Autor do texto e foto : Mário Guerreiro
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