Sempre ponderado o piloto fala das suas perspectivas para os campeonatos nacional e dos Açores e revela que a decisão final sobre uma eventual participação histórica dos Açores no mundial de ralis (PWRC) estará por dias.
O que esperar do campeonato Nacional que se inicia esta semana? Mais ou menos competitivo que o do ano passado?
Acima de tudo é preciso compreender que as regras mudaram e que só seis das oito provas serão tidas em conta para a classificação final. Não nos podemos esquecer que um piloto pode começar o seu campeonato apenas e só após o rali de Portugal. É preciso esperar, ter uma estratégia inteligente nestas duas primeiras provas e pensar que só poderemos conhecer todos os adversários após o rali de Portugal.
O que será uma “estratégia inteligente”?
Vamos começar o campeonato tal como acabámos o do ano passado, com um ritmo bom mas consistente e depois, em função dos projectos que aparecerem, vamos definir um plano e um objectivo para a nossa prestação. Não é possível definir um objectivo de época, de forma consciente, sem conhecermos os nossos adversários.
Sim, o carro é o mesmo. Não temos qualquer possibilidade, nesta fase, de evoluirmos para um EVO X. Essa é uma situação impraticável para o nosso orçamento até porque temos tido muita dificuldade em dar continuidade aos apoios que temos tido. A tendência generalizada é cortar. Para que se tenha uma ideia, há apoios (não é o caso do Governo Regional) que desde que começámos no campeonato nacional em 2009 já baixaram para metade do valor que tínhamos e isso deixa-nos numa posição muito delicada no ponto de vista da evolução da viatura.
E fazer com que o EVO IX fique ainda mais competitivo é uma possibilidade em cima da mesa?
Estamos atentos àquilo que vai ser o campeonato e não pomos de parte a hipótese de evoluir o nosso carro para a categoria R4 o que o tornaria substancialmente mais competitivo. Vamos fazer o possível para, mais uma vez, representar a nossa região e o nosso principal patrocinador que é o Governo dos Açores de uma forma muito digna.
Será possível fazer um campeonato ao nível do de 2010?
No ano passado tivemos um comportamento, na minha opinião, muito bom. Demos uma projecção à região extremamente positiva uma vez que vencemos várias provas no nosso agrupamento, fomos campeões da Produção e terminámos o campeonato no terceiro lugar absoluto. Foi a melhor prestação de um piloto açoriano em provas do campeonato nacional e portanto estou extremamente satisfeito, muito contente mesmo, porque tenho um sentimento de missão cumprida.
Há duas situações que merecem ponderação. Primeiro há que fazer uma análise do ponto de vista desportivo e perceber quais são as provas em que achamos que estamos menos à vontade. O Rali Serras de Fafe, embora seja um rali de que gosto muito, é, de facto, muito complicado uma vez que os pilotos do continente andam sempre muito bem na zona de Fafe e isso torna a minha vida muito difícil. O Casinos do Algarve é sempre um rali muito imprevisível.
Para além disso, em primeira mão, posso dizer que fomos mais uma vez convidados pela organização para integrarmos a caravana do campeonato do mundo de produção pelo que poderemos pontuar para o PWRC no Rali de Portugal.
Neste momento os dados estão lançados. Temos estado em diversas conversas com as entidades oficiais e com o Governo no sentido de tentarmos a todo o custo aproveitar esta oportunidade. Temos o projecto todo montado. Trata-se de um programa muito apetecível com uma envolvência de que infelizmente não posso revelar pormenores mas que seria de facto uma coisa fantástica. A verdade é que estamos a sentir alguma dificuldade em consolidá-lo financeiramente. Estamos numa fase muito difícil do ponto de vista da conjuntura económica e financeira mas vou tentar esgotar todas tentativas e todos os recursos para tentar, no ano a seguir àquele em que me sagrei campeão nacional, dar o salto e participar em provas do campeonato do mundo.
Essa possibilidade ainda está, portanto, em aberto…
Penso que ainda é possível. Estamos a trabalhar nesse sentido e à espera das respostas de que precisamos. Espero conseguir concretizar o projecto ainda este ano até porque há uma envolvência associada e penso que não poderemos ter noutra altura tudo aquilo que delineámos para este ano… Estamos conscientes das limitações mas acredito que todas as partes estão a tentar fazer o possível para concretizar este projecto.
O objectivo é estarmos sempre na nossa máxima força e fazer jus ao investimento que tem sido feito em nós. O Team Além Mar tem sido uma âncora de toda a actividade automobilística na região e como nosso principal patrocinador oferece-nos as condições que nos fazem encarar cada prova com a maior dedicação e profissionalismo e com o material nas melhores condições para tentarmos vencer. É com este espírito que vamos encarar novamente o campeonato, sempre com a certeza que daremos tudo o que pudermos ao nível da dedicação, do rigor, do profissionalismo, da humildade, etc., para podermos levar o Team Além Mar a mais um título.
Com o advento das taças que se correm no grupo central e em Santa Maria, todas elas patrocinadas pela Fábrica de Tabaco Estrela, o Ricardo Moura acaba por ser um embaixador não só da marca como também da modalidade. Como encara a sua colaboração com os patrocinadores nesse tipo de provas?
O facto de me definir como embaixador dos ralis só por si deixa-me muito satisfeito e orgulhoso. As participações nesses ralis não são uma perda de tempo. Pelo contrário, são uma forma de me aproximar dos adeptos dos ralis, uma forma de estar nas corridas de maneira muito mais descomprometida e de poder brindar o público com espectáculo sem estar preocupado com desempenhos e com cronómetros. Acho que a colaboração com estas organizações tem sido também uma grande mais-valia para o Team Além Mar. No fundo esta é uma estratégia definida pelo grande obreiro deste projecto que é o Dr. Costa Martins e que passa pela presença da Além Mar em todas as ilhas onde há automobilismo nos Açores, levando lá o campeão e proporcionando algum espectáculo.
Do ponto de vista desportivo estas provas têm contribuído para que possa ir sistematicamente melhorando as minhas prestações uma vez que os ralis são um desporto muito exigente. Quanto mais horas se estiver ao volante de um carro de corridas melhor estaremos preparados para enfrentar os desafios.
Queria deixar uma mensagem de agradecimento a todo o público que acompanha os ralis no país e nos Açores em particular e também agradecer profundamente a todos os nossos patrocinadores em especial à Fábrica de Tabaco Estrela e ao Dr. Costa Martins e ao Governo dos Açores que são os meus dois principais patrocinadores, no caso do Governo por via do prémio obtido pela vitória no campeonato regional.
Francisco Veloso - Fórumula Rali
Fotos de Motores Magazine
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