sábado, 30 de julho de 2011

Flying… french!

Os 2,6s de diferença entre os três primeiros no fim da etapa de ontem prometiam muito para dia fina do Rali da Finlândia. Só que logo no troço inaugural Loeb foi desmancha prazeres… Quem o pode culpar? Armindo Araújo terminou em 20º e Bernardo Sousa em 24º (6º do S-WRC).

Na verdade o campeão do mundo provou ser mesmo o melhor em casa dos adversários e apesar dos presentes envenenados que estes lhe foram deixando no final de cada etapa. Loeb venceu mesmo abrindo a estrada em todos e cada um dos 3 dias de competição.

Com alguma humidade no piso a ajudar, Loeb entrou ao ataque e ganhou as duas primeiras especiais da manhã e nas restantes, ganhas por Hirvonen, apenas cedeu tempo para Ogier numa delas, estabelecendo uma vantagem de 10,8s para o seu “colega” de equipa e de 20s para Latvala.

Quando Ogier furou na frente esquerda a luta pela primeira posição ficou decidida, embora tudo fizesse crer que já o estava anteriormente. Latvala viu-se na posição de poder visar o segundo lugar o que viria a conseguir. No final Loeb garantiu uma vantagem de 8,1s para o homem da Ford que, por sua vez deixou Ogier a 4,7s.

Hirvonen que teria sido o homem mais rápido do rali se não contassem as 3 primeiras especiais da prova, conseguiu subir até quarto, ultrapassando na terceira etapa Ostberg e Petter Solberg, minimizando assim os prejuízos mas sofrendo uma rude machadada nas suas aspirações ao título mundial. Henning Solberg, Wilson e Raikkonen classificaram-se nas posições seguintes.

A última etapa provocou uma hecatombe nas hostes da Mini com os dois pilotos oficiais a serem forçados ao abandono já perto do final. Problemas de aquecimento fruto de algumas excursões fora de estrada que deixaram o radiador sujo terão estado na origem do abandono de Meeke. Sordo que se arrastava foi mandado regressar à assistência, já não cumprindo a power stage colocada no final do rali. Ainda assim, a Mini deu boas indicações e os tempos marcados pelos dois pilotos são bem interessantes.

Juho Hanninen colocou o seu Skoda Fabia oficial na primeira posição do SWRC, competição que lidera (tal como o IRC) e ainda conseguiu terminar no top 10 da geral naquela que foi mais uma prestação de se lhe tirar o chapéu, logo a seguir ao seu triunfo no SATA Rallye Açores. As principais posições na categoria mantiveram-se com Prokop no segundo lugar e com o herói da primeira etapa, Tanak, em terceiro.

Gassner e Turán classificaram-se antes de Bernardo Sousa que se estreou na prova finlandesa. Kruuda foi 7º e último entre os homens dos S2000.

Para Bernardo Sousa, “terminar este rali foi óptimo, sem dúvida que esta experiência de fazer este rali me fez evoluir como piloto, principalmente na leitura do terreno e da compreensão das notas que depois se traduzem no ritmo que conseguimos manter. Estou certo que depois deste rali a equipa fica sem dúvida mais forte e poderemos capitalizar essa experiência em maior rapidez e eficácia para as provas que se seguem e para um possível regresso à Finlândia no futuro.”

“Foi pena que nunca tenha tido o carro a 100% pois para além dos problemas de transmissão da primeira etapa, nunca consegui ter o motor a funcionar correctamente e apesar do trabalho da equipa que trocou tudo o que era possível trocar, nunca se detectou a origem das falhas. Temos agora de ver o que se passa antes do Rali da Alemanha.”

“Ainda assim somamos mais alguns pontos e vou agora avaliar com calma a posição em que ficamos no campeonato e estamos prontos a dar o nosso melhor, agora em asfalto, nas provas que ainda restam no SWRC. Reafirmo que o meu objectivo é terminar no pódio e é para o cumprirmos que vamos continuar a trabalhar como até aqui.”

Paddon venceu o PWRC e Nikara foi segundo depois de ultrapassar Flodin que teve que se empenhar a fundo para defender a sua posição no pódio dos ataques de Ketomaki.

Quanto a Armindo Araújo, cumpriu mais uma etapa da sua aprendizagem em posições secundárias mas desta vez com a atenuante de muitos problemas de turbo e de sobreaquecimento. O rali da Finlândia será o mais difícil do mundo, conhecem-se as ambições do bi-campeão mundial de produção e o seu projecto a 3 anos para o qual os resultados do 1º ano não interessam mas a verdade é que, pelo menos nós, esperavamos mais do piloto de Santo Tirso. Fica para uma próxima oportunidade…

“Logo no arranque partiu-se o colector de escape, ficamos sem pressão no turbo e tivemos de disputar cinco classificativas nessas condições. Na parte da tarde, nas segundas passagens e com os pisos mais degradados começaram a surgir outros problemas. Os radiadores ficaram entupidos, o carro entrou em modo de segurança várias vezes e só podíamos pensar em chegar ao final. Foi o que fizemos”, começou por dizer o piloto de Santo Tirso.

“Aprendi muito como piloto neste rali e não tenho duvidas que isso me ajudará no futuro. Esta prova é mítica por vários aspectos e conseguimos entender quais. Os nossos objectivos ao nível de aprendizagem neste tipo de rali foram claramente cumpridos e estamos contentes com isso”, acrescenta.

“O MINI está cada vez mais competitivo mas é preciso ainda muito desenvolvimento. Todos os problemas que senti nas anteriores provas acabaram por voltar a acontecer quando os pisos se tornaram mais irregulares. Fomos a única equipa que conseguiu disputar a totalidade das especiais o que não deixa de ser um dado importante, ainda que o tenhamos feito também dentro de algumas limitações. Este ano sabíamos que seria assim e por isso vamos continuar a trabalhar com grande empenho para colocar este projecto no patamar que desejamos”, concluiu o piloto.

Francisco Veloso - Fórmula Rali com José Bandeira - Motores Magazine

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