Depois de três títulos de Olavo Esteves, e de João Faria se cotar como o melhor na anterior Taça Região Autónoma dos Açores (viaturas de duas rodas motrizes de 1601 a 2000 centímetros cúbicos) em 2010, o ceptro da categoria rumou novamente à Terceira na época que se concluiu com o passado Rali Ilha Lilás.
Carlos Andrade e Rui Silva capitalizaram finalmente o investimento no Renault Clio Ragnotti, sagrando-se campeões da Formula 2 no regresso da categoria como campeonato – desde 2002 era corrida sob a referida Taça -, numa aposta clara na regularidade, que deu os seus frutos.
Vindo do Pico para Terceira em 1999, onde se estabeleceu em definitivo, Carlos Andrade estreou-se na competição em 2003, no Rali de Santa Maria, numa experiência “que deixou o gosto, pelo que mal pude adquiri mais um Alfa Romeo, e passei a participar com regularidade nas provas locais”, explica-nos, avançando que “este ano decidimos fazer o campeonato dos Açores a ver se a coisa “calhava”, e felizmente correu mesmo bem”, disse à nossa reportagem sobre o título conquistado.
“Desde o início do campeonato percebemos que era possível sermos campeões, sendo que tínhamos de apostar na regularidade e deixar as aventuras para depois”, refere o piloto do Renaul Clio Ragnotti, “um verdadeiro carro de competição, que veio para os Açores pelas mãos do Fernando Soares, que o destruiu quase por completo há uns anos, em Santa Maria, pelo que quando adquirimos a viatura ela vinha aos bocados e foi reconstruída ao pormenor. Já estamos a conseguir aproveitar as qualidades de um carro que não é fácil de conduzir, mas que tem uma boa preparação”, confidencia.
Ao longo da temporada, “nem tudo correu bem, e destaco o primeiro rali em que partimos a alavanca da caixa de velocidades ou a desistência no Rali Ilha Azul, mas como já referi foi preciso ter calma e ir fazendo resultados, sendo claro que tivemos alguma sorte, mas para se ser campeão ela tem de aparecer. Queríamos conseguir isso também pelo nosso andamento, e penso que andamos bem quando o carro esteve em boas condições”, frisa Carlos Andrade.
O piloto destacou ainda “a importância que teve a taça de ralis – primeiro da Terceira, depois do grupo central -, para a nossa rodagem nos ralis, pois anteriormente tínhamos apenas duas provas por ano na Terceira, e quem tivesse menos posses não arriscava ter um carro só para isso. Actualmente os pilotos podem ganhar outro ritmo, com várias provas mais acessíveis ao longo do ano. Foi nessas provas que fui conhecendo melhor este nosso carro que, como disse, requer alguma habituação até aproveitarmos todas as suas qualidades”, disse o homem do Pico, ilha onde nos confessou ter tido pena “por não ter ido lá correr, este ano, o que queria fazer na última prova, que foi anulada”. Segundo Carlos Andrade, “fazer todos estes ralis em 2011 só foi possível com alguns sacrifícios pessoais, que são sempre feitos com gosto, apesar de alguns patrocínios que tivemos e a quem agradeço pela ajuda”, concluiu.
Já o navegador da equipa, Rui Silva, confessa que “fazer os ralis em São Miguel e no Faial teve dificuldades acrescidas, pois não conhecíamos os troços, mas a experiência valeu a pena, e penso que andamos bastante bem, especialmente na ida ao Rali da Primavera (São Miguel). Espero que continuemos na próxima época”, deseja o também campeão da F2 açoriana, que gostou “do que aconteceu esta época, e que espero se possa repetir”, afirmou o homem da “bacquet” do lado direito.
Nas contas finais do campeonato açoriano, na categoria “1601/2000/Diesel”, Carlos Andrade sagrou-se campeão com 74 pontos, adiante de Olavo Esteves e João Faria, ambos com 37 pontos. Nos navegadores, Rui Silva totalizou igualmente 74 pontos, batendo Carlos Medeiros (37) e Gustavo Silva (35).
“Não se podia travar…”
O Alfa Romeo 33 4x4 que a equipa utilizou em algumas épocas – e que Rui Silva deve fazer regressar à estrada em breve – era uma viatura que não deixava o público indiferente. Segundo Carlos Andrade, que foi “construindo” o carro à conta de três viaturas idênticas, “basicamente o Alfa Romeo não tem uma mecânica muito potente, pelo que para aquilo andar não se podia travar, e tinha de se deixar o carro ir para onde ele queria”, partilha, de forma sorridente.
“Era mesmo deixá-lo ir”, e claro que o público, “gostava, pois está ali para o espectáculo mas também para ver se a coisa corre mal, o que nos aconteceu algumas vezes, mas sempre com muita diversão e a andar bastante depressa. E até com alguns bons resultados”, recorda. “Mas é uma máquina muito interessante de conduzir, e que não vai desaparecer do mapa. O Alfa Romeo vai voltar”, promete.
Miguel de Sousa Azevedo - Fórmula Rali
Fotos: Ricardo Laureano e Direitos Reservados
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