O balanço que fazemos desta temporada é preocupante. A sobrevivência da modalidade em Portugal está posta em causa, pelo menos nos moldes em que a conhecemos desde há algumas décadas. As razões? A crise económica e a má regulamentação das diversas provas e campeonatos.
A vida está difícil para todos - e continuamos a proferir banalidades - mas em 2012 será ainda mais difícil fazer e ver ralis. As organizações terão dificuldades em encontrar financiamento, por parte das câmaras municipais (endividadas, sem acesso ao crédito, e comprometidas com esforço orçamental) e por parte das empresas nacionais, regionais e locais (que para além de serem cada vez menos, têm reduzido capital para investir). O mesmo se aplica aos pilotos, que também contribuem para as organizações, pagando as suas inscrições. Encontrar patrocinadores é cada vez mais difícil, e o sector automóvel, importante no apoio à modalidade, é dos mais afectados pela crise económica. Para quem acompanha ralis na estrada, a equação é ainda mais simples. Salários a diminuir, custo de vida a aumentar, com destaque para o aumento e inclusão de portagens em importantes vias de acesso às provas, taxação máxima para o tipo de produtos alimentares necessários para quem vai aos ralis, ou mesmo para quem escolhe um estabelecimento de restauração para o fazer. Não esquecemos os fotógrafos e outros elementos que fazem o seu negócio nos ralis, e para quem o decrescente número de inscritos e reduzido orçamento relacionado com fotografias e afins, é uma dor de cabeça.
A tudo isto acresce uma regulamentação desporporcionada, das provas e dos campeonatos. Pode a entidade federativa fazer melhor? As críticas que ouvimos nas provas, e a nossa própria convicção, é de que sim. Neste sentido, entristece-nos a falta de opinião que os pilotos (protagonistas dos ralis) têm como um todo. O silêncio não é certamente a melhor atitude. Não percebo como os pilotos se dispõem a investir do seu próprio bolso para correr, trabalham afincadamente na montagem de projectos, passam horas a preparar os carros, anulam a sua vida familiar para poder acelerar nos troços... E não são capazes de se unir (numa causa consensual), e transmitirem publicamente a sua opinião, que todos sabemos qual é. A FPAK terá toda a legitimidade para aplicar as actuais regulamentações, enquanto a oposição a essa mesma regulamentação não passar de burburinho.
O primeiro passo é unificar as vozes da discórdia. A partir daí haverá força para negociar, e quem sabe, tomar as iniciativas necessárias à prossecução desse fim supremo, que é a sobrevivência dos ralis em Portugal. Enquanto isso não acontecer, vamos assobiando para o lado.
No que toca ao Rally Mania, em 2012 iremos continuar a actualizar os nossos espaços - blogue, facebook, twitter e youtube - partilhando aquilo que nos une: a paixão pelos ralis. Estamos, como sempre estivemos, disponíveis para colaborar com tudo e com todos, dentro do cariz que nos fundou. As novidades a inovações surgirão a seu tempo, dentro das nossas capacidades e limitações.
A equipa do Rally Mania deseja um excelente 2012 a todos!
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