Hyundai - Team Hyundai Portugal |
Uma página de história escrita em coreano
O envolvimento da Hyundai nos ralis nacionais, através do seu importador, é um dos mais belos capítulos da história dos ralis nacionais. Não passou sequer um ano, desde a estreia em competição do Team Hyundai Portugal, mas o sucesso é já mais que muito e começou bem antes do Rali Serras de Fafe em 2018. O investimento ultrapassa os automóveis, há um factor diferenciador que se faz notar na comunicação e na imagem que a marca projecta nesta incursão nos ralis. A Hyundai ocupou assim um espaço de notabilidade que estava vazio desde o final de 2009, quando a Peugeot abandonou o CPR. Para isso muito contribuiu a parceria firmada com Armindo Araújo, valor agora reforçado com o ingresso de Bruno Magalhães.
Magia ao volante
Se o line-up para 2018 já era explosivo, juntando o super experiente Armindo Araújo ao velocíssimo Carlos Vieira, o que dizer do alinhamento para 2019? Nos últimos vinte anos, Araújo e Magalhães granjearam reconhecimento, vitórias e títulos nos ralis aquém e além fronteiras; fizeram parte dos melhores projectos montados em Portugal, defendendo as cores das grandes marcas e dos grandes patrocinadores; afirmaram-se como desportistas reconhecidos transversalmente na sociedade portuguesa, marcaram uma geração de adeptos de ralis e criaram legiões de fãs. É por isso que, por mais estudos que a Hyundai faça para medir o retorno deste investimento, jamais conseguirá percepcionar o verdadeiro significado desta equipa, para quem segue esta modalidade com paixão. Pura magia... E um privilégio que daqui por uns anos recordaremos com nostalgia.
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A voz da competência
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Bicefalia técnica é para manter
Uma das particularidades desta equipa é o facto de cada uma das duplas de pilotos e navegadores tripular um i20 R5 preparado e assistido por estruturas técnicas diferentes. Se os campeões Armindo Araújo e Luís Ramalho vão a jogo com uma máquina sob a responsabilidade da estrutura espanhola RMC, já Bruno Magalhães e Hugo Magalhães estarão ao cuidado da portuguesa Sports & You, a exemplo do que já acontecia no ano transacto com Carlos Vieira e Jorge Carvalho. De resto, competência não faltará, é que estas duas estruturas acumulam entre si os últimos cinco campeonatos nacionais: a Sports & You venceu o campeonato de pilotos em 2014 (com Pedro Meireles), em 2015 e 2016 (com José Pedro Fontes) e em 2017 (com Carlos Vieira); enquanto a RMC ganhou o primeiro título para a Hyundai em 2018 (com Araújo).
Mas, se há algumas linhas atrás falávamos em magia, não há como negar que esta solução retira brilho à equipa. É claro, estão em causa modelos organizacionais, questões técnicas e económicas, mas é nossa opinião que no aparato e no espectáculo que é ver uma estrutura oficial num parque de assistência, a soma dos dois espaços que defendem as cores da Hyundai vale menos do que uma eventual estrutura única com dois carros sob o mesmo tecto.
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O que vale o i20?
Armindo Araújo provou que o Hyundai i20 R5 é competitivo o suficiente para levar de vencida o Campeonato de Portugal de Ralis, contrariando a tese de que o R5 nipónico é pouco competitivo. Independentemente daquilo que subjaz à competitividade do carro, as duas duplas dispõem de experiência e de soluções técnicas ímpares, o que lhes permite tirar o máximo partido da máquina e das suas possíveis afinações, tendo Araújo um ano de vantagem ao volante do i20, nos terrenos que serão palco do CPR. Ora, para a competitividade contarão, claro está, os adversários. Embora haja ainda muitos projectos por confirmar, estamos em crer que estes estarão, de forma geral, mais fortes do que em 2018.
E em 2020, Sébastien Loeb?
Não, não estamos a sugerir o despedimento de nenhum dos actuais pilotos do Team Hyundai Portugal. Mas a verdade é que a Hyundai nos habituou a sonhar, primeiro colocando um ponto final no jejum competitivo do consagrado Armindo Araújo; agora fazendo retornar Bruno Magalhães às lides nacionais, depois de vários anos em que, mesmo com dificuldades, o lisboeta conseguiu brilhar além fronteiras. Não nos esquecemos, é claro, que na temporada passada a Hyundai deu também a mão a um campeão nacional com fortes e legítimas ambições, entretanto suspensas, como Carlos Vieira. Mas temos de lembrar igualmente que, depois do terrível acidente que afastou Vieira dos ralis, vimos nomes como Giandomenico Basso, Diogo Gago ou Miguel Nunes a pilotar aquele i20.
Ora, posto isto, resta-nos desejar que a Hyundai se mantenha no CPR por muitos e bons anos... E que mais marcas lhe sigam o exemplo!
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