sexta-feira, 29 de julho de 2011

Hirvonen hipoteca hipóteses em dia difícil para os portugueses

Hirvonen atrasou-se imenso e hipotecou qualquer hipótese de vitória. Loeb lidera, Ogier é segundo. Pilotos portugueses com provas muito sofridas.

Mikko Hirvonen precisava, para as suas ambições mundialistas continuarem em aberto, de ganhar ou de fazer um grande resultado na Finlândia que o fizesse ganhar bastantes pontos face aos seus rivais. Infelizmente, para o finlandês, as suas opções a um bom resultado praticamente se esfumaram na primeira especial. Uma saída de estrada na sequência de uma drástica quebra de potência do motor do Fiesta WRC danificou fortemente o eixo traseiro do Ford que se arrastou até ao final da etapa. No final do segundo troço, aquele que determina as posições de partida para o dia de amanhã, Hirvonen era apenas 34º…

As tácticas regressaram ao mundial no fim da segunda especial (a terceira é uma super especial) e o único que não podia fazer nada ficou mesmo com a fava… Loeb será o primeiro na estrada amanhã, um dia que terá 8 especiais de classificação com apenas uma delas a ser corrida por duas vezes. Ogier será o segundo na estrada, ele que voltou a declarar “guerra” ao seu colega de equipa: “Só há um piloto importante para a minha candidatura ao mundial”, afirmou o mais novo dos Sebs da Citroen.

Latvala, que também jogou tacticamente, será terceiro na estrada .

Para além dos “habitués”, o 1º dia do Rali da Finlândia foi rico em exibições de se lhe tirar o chapéu… Ketomaa, em Fiesta WRC, venceu o primeiro troço e abrandou no segundo para não abrir a estrada amanhã. Será o 4º na estrada mas perdeu mais do que seria de esperar na super especial ficando agora a 7s de Loeb.

Rantanen, em Mini WRC, bateu na segunda especial mas deu nas vistas ao ser 6º na primeira, superando mesmo os oficiais Sordo e Meeke, entre muitos outros.

E que dizer de Ott Tanak que faz um 7º e um 6º melhor tempos com um Fiesta S2000 da categoria SWRC? Tanak era precisamente sexto no final da PE2 e tinha atrás de si nomes como Petter Solberg, Kris Meeke… Na super especial desceu para sétmo, fruto da ascensão de Petter Solberg ao 5º lugar.

A outro nível, uma palavra para a equipa da VW que está em processo de escolha dos pilotos que a representarão no futuro. As ordens que foram dadas aos pilotos dão prioridade ao terminar da prova. Landroos e Mikkelsen têm cumprido andando… devagar.

O Rali da Finlândia marca a primeira verdadeira disputa entre os R4 e os S2000 (agrupados na categoria 2) com pilotos rápidos. Para já os melhores S2000 (Tanak e Hanninen, sobretudo) não têm dado hipóteses. O melhor R4 no final da PE2 era o de Juha Salo a mais de 40s de Tanak.

Quanto aos portugueses, esta foi uma etapa muito pouco positiva. Bernardo Sousa ainda tem a atenuante de ter problemas no diferencial traseiro para justificar a 8ª e penúltima posição no SWRC.

Ainda antes de iniciar o percurso das 3 classificativas previstas para o dia de hoje, o Fiesta do piloto português passou a ter apenas tracção traseira, devido a problemas na distribuição de potência para o eixo dianteiro, e o piloto pouco podia fazer para não perder tempo, ainda para mais num rali de terra batida onde a tracção integral faz toda a diferença.

Segundo Bernardo Sousa “é complicado sempre que surgem problemas, mas em parte ainda bem que foi hoje pois as classificativas seguintes eram pequenas, o tempo que perdemos para alguns dos nossos mais directos adversários ainda é recuperável e temos ainda boas possibilidades de subir muitos lugares no dia de amanhã, portanto, nem tudo é negativo. Teria sido pior se o problema surgisse por exemplo na primeira classificativa de amanhã no início da etapa. Assim temos um novo objectivo na nossa participação que é voltar amanhã a ocupar um lugar dentro dos cinco primeiros.”

“Temos o parque de assistência final hoje, onde julgo que será possível à minha equipa recolocar o carro em condições, e amanhã é outro dia. Quero terminar no melhor lugar possível para não perder de vista o objectivo dos pontos de que necessitamos.”

Já sobre o Rali em si, o piloto é peremptório em afirmar que “só quem já fez o Rali da Finlândia poderá dar opiniões válidas sobre o mesmo. São muitos quilómetros a fundo, com zonas de muito fraca visibilidade e sequências de saltos incríveis. A concentração necessária e o trabalho de equipa são colocados a níveis de exigência extrema. A minha opinião sobre todos os que aqui vencem mudou radicalmente a partir desta minha participação. A Finlândia é sem dúvida um dos mais difíceis ralis do mundo, se não, mesmo o mais difícil.”

Já Armindo Araújo fez uma etapa cinzentona, ocupando, no momento em que escrevemos, a 24ª posição da geral mas sobretudo sendo batido por homens com S2000, R4 e grupos N tradicionais. A aprendizagem não justifica tudo mas também é sabido que o piloto não testa tanto quanto seria desejável e que os seus objectivos para este primeiro ano são francamente comedidos. Resta esperar que não o sejam em demasia, fazendo esfriar o interesse de patrocinadores para as próximas temporadas…

Armindo Araújo mostrou-se muito tranquilo com o desfecho da primeira etapa e consciente das grandes dificuldades que encontrou na sua estreia nas estradas finlandesas. “Fizemos apenas três classificativas mas percebi que o Rali da Finlândia é de facto muito especial. Estamos ainda a tentar encontrar o nosso ritmo numa prova fantástica mas muito difícil. Não cometemos nenhum erro e isso é importante pois vamos ganhando confiança”, disse o piloto português.

O MINI JCW WRC está mais competitivo que nas anteriores provas e Armindo Araújo procurará, nas próximas etapas, tirar partido disso mesmo. “Sabíamos à partida que seria complicado lutar com pilotos que andam muito rápido nesta prova e por isso não queremos, de forma alguma, entrar em exageros. Queremos evoluir a nossa prestação de forma gradual e sinto que temos possibilidade de o fazer até final, ainda que isso nos tenha custado já muitas posições na geral. Não estamos preocupados com a classificação e o que nos importa mesmo é aprender o mais possível. Ainda há muito rali pela frente e sentimo-nos confiantes”, referiu o piloto de Santo Tirso.

No SWRC, como se deduz, Tanak brilha intensamente, apenas encontrando resistência por parte de Hanninen e de forma mais remota em Prokop.

Flodin e Nikara travavam, no final da PE2, uma intensa luta na produção com Paddon a ficar já um pouco distanciado.

Alastair Fisher era o primeiro da Academia WRC.

Francisco Veloso - Fórmula Rali com José Bandeira - Motores Magazine

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