Dani Sordo apareceu no mundial como promessa espanhola destinada a substituir Carlos Sainz, que acabava de se retirar do WRC. Já lá vão mais de 15 anos e, naturalmente, haveria muito de que falar sobre essa promessa não cumprida. Abreviando, talvez baste enumerar dois dos companheiros de equipa de Sordo ao longo da carreira e, sobretudo naqueles anos em que precisava de se afirmar: um tal de Sébastien Loeb e outro desconhecido, de seu nome Sébastien Ogier.
A primeira fase da carreira de Sordo é, de facto, algo frustrante. As expectativas e a ambição de alcançar o título mundial não só não foram alcançadas, como nem disso estiveram perto.
Diferente é aquela que podemos considerar a segunda fase, quando em 2018 o espanhol deixou de fazer o calendário completo no mundial e passou a disputar apenas provas selecionadas, procurando vitórias e, sobretudo, marcar pontos para a Hyundai.
Os objectivos têm sido claramente alcançados e, por isso, numa época em que jovens talentos cada vez mais cedo ascendem ao topo do WRC, o veterano mantém-se em actividade. É claro, aproveitando o facto de não competir no calendário todo, beneficia de ordens de partida mais vantajosas. Mas tem apresentado a velocidade e sobretudo a consistência para amealhar pontos e vencer por duas vezes no Rali da Sardenha, em 2019 e 2020. Parece fácil, mas se realmente fosse, mais pilotos haveria que o fizessem, o que não é o caso.
Gostamos deste novo Sordo, parece-nos mais feliz. Mesmo numa época em que o Hyundai i20 Coupé WRC não tem dado grande felicidade aos seus pilotos.
Isto a propósito da participação de Dani Sordo, acompanhado por Cándido Carrera, no Azores Rallye, pontuável para o Europeu. O espanhol utilizou um Hyundai i20 R5, um carro claramente desactualizado (o sucessor i20 N Rally2 já compete no WRC2 e noutros palcos). Para além disso, o espanhol calçou o carro sul-coreano com pneus MRF, menos performantes do que os da concorrência. Recorde-se que Craig Green disputou oito provas no Europeu com este binómio i20 R5/MRF Tyres, alcançando apenas um pódio, o que demonstra a dificuldade de impor os meios. A participação deste binómio tem sido, aliás, comunicada como forma de desenvolvimento de tais pneus.
Acreditamos assim que o segundo lugar de Dani Sordo nos Açores é um enorme resultado. E concordamos com o título atribuído por Andrea Adamo: Mr. Consistency. Só assim se consegue discutir a vitória na estreia num evento tão desafiante com o da Ilha de S. Miguel, frente a um concorrente com pergaminhos de mundial e uma montada mais competitiva.
A prova que se segue para Dani Sordo no Europeu é o Rali Serras de Fafe. Apesar das limitações já mencionadas, apostamos numa vitória. Sem dispromor para os demais concorrentes, Sordo é, de facto, um pilotaço.
Foto: Facebook Dani Sordo